Aprendendo a decifrar a própria alma.

domingo, 3 de dezembro de 2017

Pessoas que leram algumas crônicas e poesias minhas comentam que não é fácil entender até onde quero chegar, mesmo sendo elas escritas de forma simples, mas são mistérios captados pela minha mente, que na verdade, não se pode perceber ou decifrar. Será que minhas crônicas, poesias ou livros de romance são enigmas das quais posso estar exigindo muito do escasso tempo das pessoas que leem e tentam decifrar os meus escritos, ou me decifrar. Se chegarem a alguma conclusão fática ou não, posso afirmar que eu e minha forma de escrever podemos nos tornar um pesadelo em noites de lua cheia ou serem atacadas por sósias nas ruas desertas que estão à procura da decifração de nossas próprias almas. Não contradito muito, mas contradito o suficiente e chego ser a revolta que se esconde dentro de mim mesmo. Admito que já vivi o bastante, mas quero viver mais, talvez o suficiente para entender-me com tudo aquilo que cerca. Diante do meu pequeno mundo acho que tenho brilho e quero manter esse brilho, mas de que vale tudo isso se a gente desperdiça o nosso tempo com pessoas inúteis, fingidas, despreparadas? Se existe algum detalhe extra a meu respeito, eu não sei explicar e nem explicar a mim mesmo. Jamais me privo de desejos que possam me arrancar um sorriso porque eu me previno de decepções.


Quando estiver lendo analise bem o que escrevo e antes de julgar-me olhará no espelho da vida e verá o seu próprio reflexo e a quem cujo texto realmente está julgando. No entanto, eu e você caro leitor somos também como a um enigma, cada um com o seu segredo a decifrar; têm gente que se apega por quem os trata mal, por quem se briga, todavia, eu sou o contrário de tudo isso, pois me apego por quem me trata bem, e se grita ou me trata mal me afasto e ignoro, pois o tempo encarregará de desfazer qualquer mal feito. Quando alguém dá “patadas” eu me recuo, sabendo que a “patada” ou jeito torto de agredir pode ter sido impensada e desculpando-se, me ganha de novo, recupera a amizade. Gosto de pessoas assim verdadeiras, sem falsetes, pois é nesse sentido que deve haver os sentimentos que temos sem fingir situações.

É lendo, dialogando, olhando nos olhos que enxergamos ser possível aprender a ver e decifrar a própria alma, que não é somente ver; que não é simplesmente perceber com os olhos. Ver é perceber com a alma, com o espírito; é deixar-se envolver-se; é deixar-se cativar. Muitos são os que olham e nada vêem, pois não se emocionam da maneira que as imagens representam. Uma visão fria sem um ponto de equilíbrio final. Não sabem, talvez, que é possível mudar a maneira de enxergar o que o mundo nos proporciona. Ou se sabem não se interessam por isso; estão tão acostumados com a frieza de seu próprio olhar que finge não ver o que está à sua frente, por mais bela que a imagem for, talvez, até desconheça a forma de como ela se apresenta diante deles, negando-se a ver a beleza nela contida. 

Eu aprendi a decifrar olhares e através deles pude observar que havia janelas e através delas, chegar até a alma. Aprendi a interpretar semblantes, entender silêncios, compreender, perdoar erros, prevenir quedas; aprendi a levantar-me, erguer cabeça e erguida, sempre mantendo o pensamento positivo; aprendi localizar de onde vêm as “tempestades” de palavras que magoam e constrangem; aprendi a manter-me calmo quando humilhado; compreendi que, quando se escreve um livro de poesia, de romance, um artigo ou crônica, alguns leitores não gostam de ler e nem dá a mínima a certos textos; mas aprendi a não me apoquentar com nada, pois procuro manter sempre a cabeça erguida, mas fico curioso para entender os porquês. Escrevendo diariamente aprendi alcançar corações de pessoas que sofrem e apequenar suas dores e secar suas lágrimas; aprendi a conhecer e conviver com pessoas tal como elas são; aprendi a compreender onde elas tens estado e onde estão seus lucros e fracassos; aprendi a celebrar com elas mesmas, seja virtualmente ou não, as suas alegrias e compartilhar suas dores e jamais julgá-las, pois todos somos sujeitos a erros. Aprendi a sentir saudades iguaiszinhas a você que lê esta crônica agora.

É público e notório que o olhar tem que ser treinado, pois geralmente uma mesma imagem pode ou não representar a mesma sensação. Cada olhar é um fenômeno diferente do outro, mesmo que se olhe para o mesmo objeto no mesmo lugar, repetidamente. É como aquela pessoa que antes havia entrado no mar. Observou-se posteriormente que nem o mar era o mesmo de quando ela havia entrado nele. Ele se modifica com o tempo ou o tempo o modifica.

Urge então que a gente consiga decifrar a nossa própria alma; urge aprender a conhecer a nós mesmos, de onde vêm nossas raízes, e o nascedouro de nossos princípios. Hoje, de certa forma inquieto, achei por bem abrir as comportas do meu coração e as janelas de minha alma. Transformar a minha escrita, o meu olhar em algo substancial, nutritivo, pois eles que proverão minha alma de imagens a serem decodificadas.  Achei por bem também de transformar minha alma num núcleo formador de benevolência, para que possam me decifrar, e tudo que nela for incorporada por meio do olhar me deleite, me deixe embevecido, satisfeito. Assim me transformarei ainda mais numa pessoa melhor e poderei ajudar as pessoas com as quais convivo. Acredito que quanto mais pessoas estiverem pensando, enxergando e decifrando assim, melhor será a nossa sociedade.

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