Amigo leitor (a)

Amigo leitor (a). Quando lemos um livro, ou qualquer texto, publicados ou não, que são sinônimos do prazer, por mais simples que forem, sejam reais ou surreais, nos permite exercitar a nossa memória, ampliar nossos conhecimentos e nos faz sentir as mais diversas emoções, por isso, sensibilizado, agradeço a sua visita ao meu Blog, na esperança de que tenha gostado pelos menos de um ou que alguns tenha tocado o seu coração. Noutros, espero que tenha sido um personagem principal e encontrado alguma história que se identificasse com a sua. PARA ABRIR QUALQUER CRÔNICA OU ARTIGO ABAIXO É SÓ CLICAR SOBRE O TÍTULO OU NA PALAVRA "MAIS INFORMAÇÕES. Abraço,Vanderlan

Diário da Manhã, porta voz da liberdade.

segunda-feira, 30 de março de 2015


O valor de um povo está nas causas que abraçam, nos projetos que constroem em prol de sua comunidade. Na história de sua luta que sabemos insana em prol da democracia plena, carregam o suor, lágrimas e alegrias proporcionadas quando consegue ter um espaço num jornal para poder se manifestar, alcançar objetivos, defender e conseguir benefícios em prol de um povo sofrido. Quanto mais restrições impõem à liberdade de expressão, no mesmo montante desejamos vê-la restabelecida, assim como, da mesma forma ansiamos por vivê-la. É bem verdade que cada um sente e entende a liberdade à sua maneira, mas o importante é que todos concordam num ponto: a liberdade é uma das mais preciosas e belas dádivas em nossa vida. Em última análise, para não sermos desumanizados, precisamos de liberdade, de justiça, de paz. Tudo isso está relacionado, na vida de cada homem e na existência de toda a humanidade. 

O jornal Diário da Manhã criou um caderno especial, intitulado 56 nos de liberdade, estampando obras riquíssimas, quadros e esculturas de renomados artistas goianos que teve o condão de abrir novo horizonte de liberdade de imprensa. A cada edição ficava surpreso quando via estampada fotos de muitas pessoas amigas, artistas consagrados, já com os rostos carcomidos pelas intempéries do tempo, olhos perdidos na escuridão de seu próprio ser, mãos calejadas e cabeças tomadas pela calvície, mas estavam ali firmes, manuseando os pincéis da liberdade. É o passar  dos anos que os tornaram assim, mas, o importante é que eles continuam com suas mãos mágicas, ora massageando o barro, ora os pincéis, enfrentando  as adversidades e as intempéries do  tempo em busca daquilo que lhes dão prazer: a pintura, a escultura.

Conheço a maioria deles, pois faço parte deste glorioso movimento da arte e, mesmo não usando os pincéis, procuro ser parceiro através da escrita, elogiando ou não, mas levando o meu apreço a estes baluartes que com suas obras contagiam a todos. Nutro por  toda a classe uma profunda admiração, porque durante este lapso de tempo os vejo carregando suas telas, ora pra ali, ora prá acolá, expondo, às vezes com dificuldades, em vários locais de Goiânia e até fora do Estado de Goiás. Não quero aqui destacar obras ou nomes daqueles cujas fotos foram estampadas no jornal porque pode me falhar a memória, mas como disse numa crônica anterior: “... devo pedir desculpas por não citar os nomes dos artistas goianos que passaram pela coluna do Diário da Manhã que são muitos, pois a página que ele me cede é pequena e não caberiam todos os nomes. Se entenderem que a arte é uma coisa imprevisível, uma descoberta, uma invenção da vida, abstrata ou não, que nos move, nos eleva, nos transporta a um mundo surreal, é lógico, nos deixam encantados e fascinados pela vida, então, apenas peço que usem o mundo da imaginação e façam de conta que os seus nomes aqui citados estão”

Hoje, a corrida do Diário da Manhã não é contra o tempo. É com o tempo. Sabe que o futuro é agora, o presente já é quase ontem e o passado é a história construída por cada uma deles ou de nós articulistas. O jornal abriu espaço com título “Opinião Pública”, e para os artistas goianos, um caderno especial, então, é momento de todos usarem de sua sabedoria, pois quando se lutam com sabedoria, tem sempre o tempo a favor. Mesmo nas horas mais difíceis, em momentos de turbulências e vendavais; diante das mais terríveis tormentas e tiranias sociais, e agindo com coerência,   respeito mútuo e sensatez, todos sairão fortalecidos, porque o saber está para o ser humano como está para o vinho. E que a luta do Diário da Manhã, seus ideais e projetos sejam vitoriosos, rumo a um tempo de união e paz que hoje se frutifica e que cada semente possa fortalecê-lo, como seus abnegados editores, que sem picuinhas e notícias truncadas, e com seu grito de liberdade, continue proporcionando a sociedade o direito de defesa, o legítimo trabalho, dignidade e solidariedade entre os homens, como já se vislumbra há tempos em todas as suas edições. 

O Diário da Manhã, como seu projeto inovador, tornou-se o porta-voz daqueles que se sentem injustiçados, abrindo as comportas para que todos se manifestem, sempre lembrando o momento do reencontro do passado, presente e futuro com uma história de luta e sofrimento, defendendo a liberdade de imprensa, deixando de ser massa de manobra, de rastejar como cobra e impedida de usar  o saber em prol de seu ideal democrático.



Pelos bares dos Elpídios.

terça-feira, 24 de março de 2015


Primeiro quero dizer que o título não é plágio. Os bares de que falo são bares que não são comuns, são bares diferentes, místicos, poéticos, quase utópicos, onde as pessoas se reúnem e criam coisas que jamais imaginamos existir no mundo real. Fazem parte desses bares além de outros personagens humanos, os artistas do barro, dos pincéis, das letras e até os poetas malandros que não aprenderam a rimar, mas se reúnem para prosear, reviver a mesma dor, os mesmos objetivos e anseios. Confesso que durante minha existência participei pouco desse ambiente e nem bebia grandes tragos. Hoje posso dizer que nem bebo. Apenas aprecio com moderação. Agora, para quem bebe, se acontece algo de mau, bebe-se para esquecer; se acontece algo de bom, bebe-se para celebrar, e se nada acontece, bebe-se para que aconteça qualquer coisa. Celebrando ou esquecendo-se de celebrar, foi nas mesas dos bares que travei grandes debates políticos, aprendi a fazer discursos, viver momentos poéticos, passionais e amorosos. 

Muitos namoros nasceram em mesas de bar. Tempos idos, lá pelas décadas dos anos 70, ainda jovem, conheci a cidade de Aruanã e pasmo diante da beleza do Rio Araguaia, incuti na minha cabeça a ideia de escrever poesias e escrevi muitas e as guardava num pequeno baú. Lembro-me bem de um final de tarde quando o sol se escondia detrás das matas e seus raios cintilavam sobre as águas trazendo momentos de nostalgia, eu, juntamente com outros amigos, numa mesa de bar, jogávamos conversa fora e quantos artistas, jornalistas, empresários, profissionais liberais víamos se aglomerarem naquele ambiente místico - o Bar do Elpídio, bastante frequentado por aqueles que iam passar férias em Aruanã. As rústicas paredes eram autografadas por todos que por ali passavam. Quem esteve lá à época vivenciou esse fato histórico e outras situações pitorescas criadas pelo Elpídio, como a central de recados para as pessoas que acampavam na praia, e assim, Elpídio Amorim Leão deixava sua marca e relevantes serviços prestados ao turismo de Goiás.

Tempos passaram. Certo dia, outro Elpídio, o Fiorda, querendo homenagear o seu xará resolveu abrir um bar em Goiânia, no ano de 2007, no Mercado Popular da Rua 74, batizando-o de “Bar do Elpídio. Era um lugar descontraído simples e aconchegante, como também era o Bar do Elpídio em Aruanã. Na culinária, o Fiorda, tentou manter os mesmo ingredientes, como peixes, costeletas, costela e filé de Caranha, com ou sem pequi, sem falar do saboroso Sanduíche de Caranha. 

O público alvo era dos mesmos moldes do Bar do Elpídio de Aruanã e daqueles que conheciam a historia do estabelecimento. O bar foi inaugurado no dia 13 de setembro de 2007, essa data teve como intuito homenagear os 60 anos do Elpídio de Aruanã pelo relevante trabalho feito em prol do turismo de Goiás, e à época, recebeu o Titulo de Sócio Honorário da ABRAJET (Associação Brasileira de Jornalistas de Turismo), regional de Goiás sendo assim a inauguração transformou em um evento para fortalecer e consolidar o novo espaço e ponto de lazer em Goiânia.

Para manter-se vivo o nome, em 27 de setembro de 2014, o Elpídio Fiorda e Gabriel Bretas, fundou Bar do Elpídio Empório & Restaurante e hoje é o mais novo empreendimento do setor de alimentação fora do lar em Goiânia, ora instalado de forma rústica, aconchegante e aprazível no Passeio das Águas Shopping, local de encontro de artistas plásticos, escultores, escritores, jornalistas, empresários e de pessoas que gostam de degustar da cozinha regional e do melhor em pratos à lá carte, peixes, feijoadas, pirão, caldos, a famosa panelinha, galinhada goiana e variados petiscos.

As instalações do empreendimento estão ilustradas com a iconografia goiana. Imagens dos casarões da Cidade de Goiás e Pirenópolis ornamentam as paredes. Uma escultura de Cora Coralina, em tamanho natural faz homenagem à poetisa maior. Os clientes vão poder sentar ao lado dela e se deixar fotografar. A obra é assinada pelo artesão Gabriel Machado. O mascarado personagem irreverente da festa das Cavalhadas, difundida em Pirenópolis, está montado ao cavalo, logo na chegada. É a economia criativa em movimento. Inovação, beleza e aconchego são características do espaço que chega para agregar serviços essenciais ao novo Shopping. Só posso dizer que é um lugar bem propicio para os encontros de fim de tarde. Lá o garçom não enrola mesmo sabendo que o cliente às vezes não come certas guloseimas e nem toma bebidas alcoólicas. Hoje, escrevo daqui e uso uma mesa, mas não é a do Bar do Elpídio, mas sim, a da sacada do meu AP, onde vislumbro do alto uma selva de pedras que nos rodeia. Estou com um Laptop, digito o texto e as letras vão se amontoando no monitor para no final sair esta besteira! Não estou bebendo nada, mas mesmo assim saúdo vocês que fizeram e continuam fazendo parte da arte e cultura em Goiás. Quero, nesta mesa onde vejo o sol de pôr soberbo no horizonte, levar comigo a lembrança de todos..., mas quero também, ao finalizar, dizer que tenho saudades do tempo da famosa Grapete e do slogan: “Quem bebe Grapete, repete”. Até mais! Vou tomar um suco de laranja. Um brinde à vida.


Sonhos além do espelho...

terça-feira, 17 de março de 2015


Cheguei bastante cansado depois de uma passeata em prol de um Brasil melhor. Sentei-me num sofá e liguei a TV. Depois de uma canseira danada ainda tinha que assistir Ministros da Dilma falar sobre a mobilização ocorrida naquele dia 15 de março. Estiquei as pernas sobre o sofá e fiquei observado... Foi tanta balela, mentiras e cinismo que não conseguia dormir, deu-me insônia. Na maciez de um travesseiro fechei os olhos e comecei a contar carneirinhos, mas, desta vez, de tão cansado e chateado cheguei a contar mais de mil, pois só assim, conseguiria dormir. De repente me vi diante de um enorme espelho. Atônito, vi um corpo bizarro sendo todo espelhado. Era o meu corpo e de início uma imagem escura, mas eu não era um fantasma e desesperado, tentei empurrar o repugnante espelho, mas nada e o pior é que foram aparecendo imagens desagradáveis. Num repente uma cueca cheia dinheiro aparece, mas eram pequenas notas de dois reais. Ela estava pendurada numa parede atrás de mim e se refletia no espelho. Olhei o meu corpo e notei que não estava sem essa peça íntima a ainda usava calça jeans, camisa branca e gravata, desbotadas. Vi-me um ser totalmente sem elegância e mais, descobri que não era rico e morava numa casa cheia de rachaduras adquirida do programa “Minha Casa Minha Vida”. O espelho mostrava que eu tinha um nariz desproporcional, como o do Pinóquio. Então era mentiroso e observando mais, descobri que usava tapa-olho. Era pirata também. Pensei: Meu Deus! O que aconteceu comigo! Procurei freneticamente na escrivaninha a minha carteira de identidade para verificar se era daquele jeito, no entanto, achei somente o velho passaporte e naquele documento descobri que não era eu e nem goiano era. Lá constava que era nascido na cidade de Garanhuns em Pernambuco. Continuando com o rosto voltado para o espelho, também observei que ele já estava carcomido pelo tempo e aí me senti inconsolável, pois estava numa cadeira de rodas. Exclamei: Meu Deus, isso não é possível! Se eu estava com tanto pés de galinhas no rosto e numa cadeira de rodas, significava que  além de pobre, deselegante, velho, nariz grande, mentiroso, pirata e nordestino, era também deficiente físico. Claro que era impossível, dizia para mim mesmo: Poxa!  Além de pobre, deselegante, velho, nariz grande, mentiroso, pirata, nordestino, deficiente físico, nem goiano era, além de corrupto, improbo, ligado a uma facção criminosa chamada de “mensaleiros”, tudo graças a um recorte de jornal que encontrei jogado sobre o piso. Na foto, lá estavam eu junto com José Genoíno, Paulo e José Dirceu e outros. Noutra foto, uma edição mais recente de outro jornal, exposto sobre a escrivaninha, foi mais incomodativo ainda, pois vi a figura do ilustre Ministro do Supremo Joaquim Barbosa com o dedo em riste para mim, dizendo: Você está preso! Fiquei assustado, é claro, pois no texto escrito em letras garrafais, dizia que eu fazia parte do Conselho da Petrobras e era amigo do Paulo Roberto Costa e do Nestor Cerveró. Na foto estampada no jornal a Dilma dava gargalhada e detrás de sua mesa, uma foto do Lula pendurada na parede entre Hugo Chaves e Fidel Castro. Aquela cena foi demais para mim!

Passados alguns segundos, apareceu um homem bem vestido e me perguntou com uma voz meio rouca: Já contou o dinheiro senhor? Fiquei pasmo! Que dinheiro? Era a voz do Presidente da Casa da Moeda derrubado por suspeita de recebimento de propina. Vixe! Só me faltava essa! Logo onde se fabrica o papel moeda que chamamos de real. Com a voz embargada disse:

- Ó Deus!  Pobre, deselegante, velho, nariz grande, mentiroso, pirata, nordestino, deficiente físico, não era goiano, corrupto, improbo, ligado a facção criminosa denominada de mensaleiros, sussurrei: Agora estou frito de vez!

Desesperado, gritei diante do espelho, passei a mão sobre a cabeça e tive outra surpresa: Era careca e meio banguela! Alguém tocou a campainha, abri a portas e apareceu uma mulher com uma pasta preta debaixo do braço, que antes de entrar na sala foi logo dizendo:

- Vim te avisar que você deve devolver os cartões corporativos porque o seu perfil não se enquadra dentro do nosso padrão, aprovado pela FIFA, e ainda por cima, você está desempregado. Estupefato, fiquei olhando aquela figura e comecei a gaguejar, mas pasmem: era a Ideli Salvati, mulher forte do Palácio do Planalto. 

Que merda! Nem cartão tinha! Além de não ter cartão e nem uns míseros trocados, também estava desempregado. Tentei explicar a aquela senhora o quanto era difícil encontrar trabalho no Brasil, principalmente quando se é pobre, deselegante, velho, nariz grande, mentiroso, pirata, nordestino, deficiente físico, não goiano e corrupto, improbo, ligado a facção criminosa denominada de mensaleiros, careca, banguela, gago e desempregado. Chateado com aquela figura metida, tentei fechar a porta com a única mão, pois na outra, tinha um dedo decepado quando tentei ser aprendiz de torneiro mecânico e bastante contrariado, fui até a janela olhar a paisagem e vi centenas de barracos ao meu redor. Senti uma pequena parada no marca-passo e uma leve tontura, pensei: Poxa! Além de pobre, deselegante, velho, nariz grande, mentiroso, pirata, nordestino, deficiente físico, não ser goiano, corrupto, improbo, ligado a facção criminosa denominada de mensaleiros, careca, banguela, gago e desempregado, descobri, que além de maneta e favelado, usava marca-passo e sentia tonturas.

Comecei a passar mal e sentir calafrios, situação que me obrigou a ir até ao guarda-roupa para pegar uma camisa para trocar e novamente outra surpresa: quando abri a gaveta encontrei duas camisas vermelhas bastante encardidas com o símbolo do PT e MST. Só podia ser sacanagem! Resmunguei... Entrei em surto, pois além de pobre, deselegante, velho, nariz grande, mentiroso, pirata, nordestino, deficiente físico, não ser goiano, corrupto, improbo, ligado a facção criminosa denominada de mensaleiros, careca, banguela, gago e desempregado, maneta, favelado, usando marca-passo, sentir tonturas e calafrios, e ainda, ser cabo eleitoral do PT e diziam que eu tinha invadido a fazenda de Eunício. Aí foi demais! Então questionei: Não sou cabo eleitoral, não sou eleitor do PT, nem invasor de terras, nem possuo lotes no Jardim da Paz ou no cemitério Jardim da Palmeiras, e esse tal de Eunício não é Garanhuns?

Naquele momento alguém passou detrás do espelho e que já tinha feito um saboroso café da manhã apareceu brava e disse repetidas vezes, e em voz alta: 

- Francenildo!!!  Vamos!!! Acorde! Mas eu não era o Francenildo, aquele trabalhador que denunciou e foi injustiçado em Brasília. Mas se eu não era o Francenildo, nem conhecia a bela Rosemary Noronha, nem fazia parte do dossiê dos aloprados, da CPI dos Correios, dos escândalos do Ministério dos Esportes, do Mensalão, ou da corrupção Petrobras e nem era funcionário fantasma porque tinha em mãos documentos que provavam a minha disposição e frequência junto ao gabinete de um Deputado. Quem era eu então? Mais um grito ensurdecedor que levanta até defunto ressoou nos meus ouvidos: Cara! Levanta-te, pois já terminou a entrevista dos Ministros há várias horas. Já passa da meia noite. Amigo leitor foi um tremendo susto! Num sobressalto, abri os olhos e meio desorientado disse a mim mesmo: Cruz credo! Onde estou? Com o suor descendo pelo rosto olhei pra minha mulher e disse: Que bom você me acordar, estava tendo um sonho e me via diante de um espelho. Ufa! Que alívio! Levantei-me rapidamente do sofá, olhei através da sacada do meu AP e realmente a cidade adormecia e não se ouvia mais os panelaços e buzinaços, então, naquele instante, percebi que tudo não passara de um sonho ou pesadelo sei lá, e aí murmurei baixinho dizendo: Graças a Deus! Moral da história: Às vezes não é a gente que olha para o espelho, é ele que olha pra gente e na escada da vida somos todos meros reflexos daquilo que realizamos cotidianamente, mas quando se trata de sonhos, a imagem do espelho às vezes pode vir invertida.



Mãos mágicas no Reino do Pincéis.

terça-feira, 10 de março de 2015


Dia 10 de março, um dia que não parecia comum. Ventava e chovia uma barbaridade. A chuva se debatia fortemente no vidro da janela auxiliada pela força do vento. Levantei-me devagarzinho, mas no pensamento havia a intenção de escrever e falar sobre os artistas plásticos que homenageavam os 35 anos de fundação do Diário da Manhã, assim como, falar das pinceladas mágicas e contar-lhes o que eu sonhei naquela noite. Com o pensamento indo e vindo na velocidade da luz, este me trazia flashes de um andarilho que seguia sem rumo, a esmo, numa estrada deserta. Tinha pressa, mas não sabia por quê. Mal tinha adentrado à estrada, o vento, que já era rijo, algum minuto depois soprou com mais violência; logo depois principiou a chover grosso, a tarde ficou ríspida. Tentei me esconder, mas não vi nenhum abrigo e nem era possível recuar.

Verdadeiramente aquele caminho parecia ser uma charada, via tantas imagens desconcertantes, coisas inusitadas, inexplicáveis, mas a placa logo adiante amenizou meu coração, deixou-me mais calmo. Ela dizia: Bem-vindo ao Reino dos Pincéis e logo adiante, um exuberante castelo medieval. Não sei como explicar mais me abateu alegria imensa que me excitou. Talvez seja porque sou como aqueles atores que encenam no teatro da vida, que fazem do seu trabalho uma arte, às vezes real, às vezes surreal, às vezes dotado de comédia, às vezes em drama, e os colegas em grande gala oferecendo em cena o retrato falado de alguém pincelando com pincéis mágicos, capazes de nos deixar boquiabertos, atônitos e encantados diante das expressões surrealistas que funcionam como uma distração e nos fazem esquecer nossos problemas cotidianos. É um jeito especial que o artista usa para expressar com as mãos o que a sua mente imagina do mundo real ou surreal.

Passei por aquele portal que mais parecia um quadro. Na realidade passei dentro de um quadro mesmo, moldurado por duas estacas de madeira nobre, e do lado de lá, fui recepcionado por um jovem que todos chamavam PX. Não era nenhum código, era PX mesmo! Logo atrás, quantos amigos, quantos mestres das artes plásticas. Quantas obras de arte expostas se contrastavam com o mundo inóspito. Quantas obras sem imposição de regras ou estilo contornavam corredores imaginários, sem as desrespeitar, mas nunca se deixando de ir mais longe quem as criou, usando suas asas imaginárias para alcançar o inusitado, o improvável. Naquele Reino aqueles mestres da arte revelavam-se uma força potentíssima, uma majestade inesgotável de energia, uma variedade de cores e ordem na criação das coisas. Esculturas belíssimas, quadros, telas ora feitas em papel pinho, ora com cores fortes e traços marcantes, ora traços leves e sutis, ora exóticas, ora surreais, ora utópicas, ora em aquarelas, ora com temas populares e religiosos, retratavam a perfeição e imperfeição do homem, da natureza e do próprio mundo, da indefinição dos rostos e corpos humanos, dos casebres, palácios e rios, mas todos de bom gosto, cujos detalhes surrealistas só as mãos mágicas daqueles artistas podiam criar.

Uma lágrima desceu! Que nada! Uma lágrima foi pouco quis dizer várias! Nunca teria lágrima única diante de tanta beleza exposta do outro lado! Gente, se tudo em sonho é possível, então eu sonhei atravessando uma tela! Foi incrível! Infelizmente, como tudo é possível e a gente não domina o sonho, do lado de lá não consegui que as minhas lágrimas não se transformassem em dilúvio a tal ponto de não evitar o alagamento daquele Reino. Todavia, tudo pode acontecer e secar, quando os anjos veem alguma coisa nos olhos da gente e sabem que são apenas gotas solitárias, que jamais pode destruir um mundo tão belo e povoado por artistas, seres que nos alegram com suas pinturas, obras que o homem inventa para o mundo em que vive. Lágrimas caíram, mas logo o pranto logo foi desfeito, sem lamentos e quando desfeitos, foram levados pelos ventos impetuosos, contra os quais nada podia fazer nem as árvores e flores que se contorciam naquela estrada de chão. 

Creiam-me artistas de mãos mágicas, não há telas insolúveis ou indecifráveis. Tudo neste mundo nasce com a sua explicação em si mesmo; a questão é saber como nasce. Nem tudo que a gente faz se explica desde logo, é verdade; o tempo do artista varia, mas haja paciência, firmeza e sagacidade para chegar-se-á à decifração de sua própria arte. Eu se algum dia for promovido de cronista a artista da pintura ou do barro, afirmo que, além de trazer um estilo próprio, bárbaro ou rústico, não deixarei nada por explicar, qualquer que seja a dificuldade aparente, ainda que seja exigido por meu mestre Elifas ou por tantos outros que homenagearam e que no dia 10 de março, dois dias antes do aniversário do Diário da Manhã, ilustraram o meu sonho. Como cronista, posso achar explicações fáceis e naturais sobre o que fiz e faço; mas, infelizmente, são os ócios do ofício do artista e ele tem a obrigação perante a história de demonstrar o seu discernimento, a profundeza de sua arte e não se contentar com coisas próximas, simples e indecifráveis. Fundo eu iria e penetraria nas profundezas dessa arte...

Procuro ser justo, e não gosto de ver o fraco esmagado pelo forte. Além disso, nasci com certo orgulho e sei que um dia ele morrerá comigo. Não gosto que os fatos nem os homens se imponham por si mesmos. Tenho horror a toda superioridade que às vezes também ocorrem no mundo das artes. Aos justos, eu é que os hei de enfeitar vários adjetivos, uma reminiscência clássica e com ou mais padrões de estilo. Os fatos que narro deles, eu é que os hei de declarar transcendentes; os homens e mulheres artistas que encontrei no Reino dos Pincéis, se me permitirem, eu é que os hei de aclamar extraordinários.

Para um escriba que ora escreve coisas miúdas, nada há pior que topar com o cadáver de uma pessoa importante. Nada há pior que julgá-lo por nunca ter tido sucesso; para louvá-lo temos de trocar de estilo, sair da vala comum da vida e sermos nós mesmos. Para nós bastam às qualidades pessoais de quem se foi para outra dimensão, a sua bravura, o patriotismo e virtudes. Tudo isso pede estilo solene, fato que não falta a um escriba que escreve coisas miúdas. Como qualquer artista, eu não sou homem que recuse elogios. Amo-os; eles fazem bem à alma e até ao corpo. As melhores digestões da minha vida são as dos jantares em que sou brindado por pessoas amigas. Mas confesso que desta vez, preocupado com o sonho que tive, sequer saboreei o nascer do sol; fiquei encantado e ao mesmo tempo espantado com o que vi naquele Reino e senti que devia contar detalhes desse sonho. Na realidade, não faço mais que apontar as qualidades do artista goiano o que significa também que eu os defendi mesmo no meu sonho.

Sempre que entrevia uma ideia, uma significação oculta em qualquer objeto fica a tal ponto absorto o meu pensamento que sou capaz de passar horas sem comer e nem fome sinto. Agora, sentado diante de minha escrivaninha, a meditar, vejo que é momento de finalizar a crônica, no entanto, ocorre-me que devo pedir desculpas por não citar os nomes dos artistas goianos que passaram pela coluna do Diário da Manhã que são muitos, pois a página que me cede jornal é pequena e não caberiam todos os nomes. Se entenderem que a arte é uma coisa imprevisível, uma descoberta, uma invenção da vida, abstrata ou não, que nos move, nos eleva, nos transporta a um mundo surreal, é lógico, nos deixam encantados e fascinados pela vida, então, apenas peço que usem o mundo da imaginação e façam de conta que os seus nomes estão aqui citados, e depois de lerem, saboreiem cada palavra se acharem que esta crônica é uma arte.



Minha vida no túnel do tempo.

sexta-feira, 6 de março de 2015

Agradeço a Deus por ter me dado condições de lutar e alcançar os objetivos pretendidos durante minha existência. Não nasci rico, mas isso não me impediu de ter pessoas amigas de verdade, de ver riquezas na capacidade de transformar vida em presente e conquistas. Hoje, 6 de março de 2015, sensibilizado, recebi da cidade de Guarujá, Estado de São Paulo como presente, um vídeo montado pelo meu amigo Julio Bergamini, grande locutor e produtor musical e vídeo. Sei que tirou um pouco de seu tempo, sei que pesquisou meu blog e minhas imagens na linha de tempo para montar tudo isso, sei que foi trabalhoso mesmo, e por isso, resta-me agradecer por sua amizade a qual prezo muito. 
O vídeo ficou lindo! Obrigado por tudo e que Deus te abençoe sempre! 
 

Uma "viagem" para além das Cantareira e Tietês...

segunda-feira, 2 de março de 2015

Vejo a imprensa escrita e televisiva noticiar sobre o problema de escassez de água por falta de chuvas sabe lá. Como sei que muitos discutem sobre qual a real situação em que está levando a mudança dos padrões climáticos e regimes de chuvas, então questiono: Porque não se fiscaliza o desmatamento da Amazônia e de outras regiões do País? Porque não se plantam mais árvores nas cidades? Porque não se fiscaliza a agricultura responsável por imenso consumo de água? E o desperdício de águas nas ruas? Porque permitem a especulação imobiliária sem precedentes e a invasão de áreas de preservação ambiental e de nascentes? O problema do Brasil é na origem e não no uso, agora estamos mudando o padrão climático do sudeste para semi-árido, pode isso?

Hoje, estupefato com tantas notícias ruins sobre falta de água que diz originar da escassez de chuva, resolvi fazer uma viagem para além de mais além das Cantareira e dos poluídos “Tietês”. Nem pensei muito e como a um pássaro, aventurei-me por brenhas selvagens, já banhei nas águas calmas do Araguaia, do Babilônia, do Turvo, do Verdão, do Rio dos Bois, do Corrente e até do rio Meia Ponte, hoje poluído; pesquei lambaris em suas águas piscosas, entreguei-me a amassos imaginários do tempo, ora entrelaçados pela luz tênue do sol, ora pelo pela lua, que retalhavam os galhos de árvores milenares; mergulhava, emergia e imergia naquelas águas profundas, num vai e vem inesquecível. O rio, eu e minha canoa imaginária, assim como as cintilantes luzes dos astros estelares, seguíamos céleres, enfrentando curvas, recepcionando brisas vindas de outros rincões e sob o cantar dos pássaros, mostrávamos a aqueles que passaram e viveram o amor, que naquele local jamais existiria seca, poluição ou a brusquidão do quente asfalto. Aos incautos, o rio sempre dizia que as aves que lá gorjeiam jamais irão para mais além, onde o ser humano poderia aprisioná-las e fazê-las ouvir o ruído infernal de suas máquinas insones.

Os rios e eu íamos para além de mais além, onde a natureza jamais mostraria sua verdadeira face, onde não se ouvirá suspiros nem gemidos, onde não se veriam cidades incharem e o povo passar sede; onde não se respirariam o mesmo ar do ser humano; onde seguiria navegando sobre o seu próprio leito, suscitando sons inebriantes, poéticos, sob o silêncio sombreado das árvores que debruçam sobre suas águas límpidas e deleitam em suas rústicas margens. Momentos de uma viagem nostalgia me fez recordar de coisas obscuras impregnadas no meu cérebro há tempos, e com emoção à flor da pele, restou-me quedar diante daquele ambiente místico e esquecer-se dos sustos da cidade, da escassez de água, das enfermidades, da violência, da criminalidade e dos cotejos de morte.

Naquele recanto aprazível tentava fugir do real, da verdade noticiada sobre escassez de água que nada mais é que um evento climático de grande magnitude que está afetando vários Estados com o deslocamento das massas de ar do Pacífico, as quais se encontravam com as massas de ar do pólo sul e norte. Uma viagem para fugir da realidade, encaixotar de vez minhas ansiedades, aflições e sensações oriundas de um mundo profano e de certa forma, procurar entender a própria existência do homem no universo que diante das adversidades climáticas continuará sendo apenas uma gota de orvalho e não terá mãos firmes e limpas para levantar aos céus e pedir ajuda a Deus, pois rapidamente ela se evaporará sob os raios de sol. Não importa se vamos mais além para ouvir e assistir o nascer de um novo amanhã, e ou se por extrema necessidade, termos que usar asas para voar no afã de visualizar nesse amanhã um novo amanhecer, vermos o meio ambiente preservado, assim como a fauna a flora, e principalmente, o reflorestamento de áreas próximas às mananciais pelo fato de que a erosão é um problema muito grave, que vemos acontecer em várias regiões de nosso País e estes rios são normalmente os culpados pelas enchentes e causadores enormes de buracos e crateras, tanto no sertão como nas cidades.

Mas, enfim, vejo o sol se pôr no horizonte entregando-me a lua que já nascia soberba detrás da densa mata. Não obstante o palco mostrado pela natureza se diversificasse a cada momento, observava que o rio seguia seu rumo e eu o acompanhava com olhar complacente de um admirador. Era óbvio que ele precisava também de chuvas, pois no seu caminho encontraria em suas margens banco de areias que antes não existiam, erosões, desbarrancados, serrados ingentes, mortos, e mais além, queimadas praticadas pelo próprio homem. O fogo atiçado sobre o capim e galhos secos torna suas chamas ardentes, implacáveis, os quais, silenciosos, quedariam esbatidos sobre a terra que chora de dor. Por mais que procurasse me aquietar naquele voo insano, sem asas, não conseguia ficar indiferente e como ambientalista, precisava agir não obstante saber que a vida humana é cheia de contrastes em relação ao ambiente em que vive. A sua ação devastadora acordou-me, devolveu-me ao mundo real, mas deixaram impregnados em minha memória imagens surreais, mistérios e mitos contados por moradores ribeirinhos para que eu pudesse soltar pequenos flashes arquivados, onde poderão ser revelados os níveis insuportáveis de desmatamentos, revelarem a falta de cuidado com as nascentes dos rios, a falta de fiscalização com relação agricultura e agroindústria, não deixando de citar logicamente violência, a corrupção generalizada, o descrédito absoluto da classe política, o apagão ético e moral, acrescentando-se nessas revelações, as agruras que o cidadão vem enfrentando, impotente, sem ter a quem recorrer. A sociedade está órfã e foi este fato me fez “cair na real” e “viajar” em busca de um mundo incógnito, para além daquilo que o rio e suas águas podem oferecer.

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